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Foto do escritorArnon Melo

Arnon Melo recebe a Ordem de Rio Branco em Brasília.


Arnon Melo, com a insígnia da Ordem de Rio Branco, no Palácio do Itamaraty, em Brasília. Foto: André Oliveira.


Que bom que o título já fala do assunto da matéria, porque eu gostaria aqui de começar por um outro ponto. Quando cheguei em Toronto, em 2013, fui apresentado a algumas pessoas da comunidade brasileira que logo me falaram sobre figuras-chave da comunidade que eu deveria conhecer. Não demorou muito para eu ser apresentado ao Arnon Melo, esse moço sempre jovial e sorridente, que faz a gente pensar que tudo na vida pode ser fácil e possível de ser solucionado. Então eu, um realista que muitos poderiam confundir por pessimista, de pronto aprendi com ele que sim, as coisas são possíveis, desde que sejam encaradas com uma boa dose de otimismo, perseverança e, mais do que tudo, profissionalismo.


Sabemos que a comunidade aqui nem sempre foi bem representada, pois costumavam se destacar aqueles que dedicavam seu tempo para aparecer em tudo quanto é lugar, mesmo falando as mais absurdas abobrinhas, mesmo sendo extremamente medíocres no que faziam (e ainda fazem). Confesso que minha primeira impressão da comunidade não foi das melhores; havia, na época, um conjunto de “personalidades” que só fazia, a meu ver, a comunidade ser nivelada por baixo. Acreditem, me daria enorme prazer citar nomes e histórias, mas acho melhor ficar quieto e não mudar o foco do texto. Enfim, o fato é que, lá naqueles tempos, eram poucas as pessoas cuja representatividade era reflexo de uma atuação verdadeira na comunidade, e Arnon Melo certamente era uma dessas pessoas.

Arnon veio para o Canadá em 1990 e, em paralelo à sua carreira de sucesso, sempre fez muito pelos seus compatriotas, apoiando diversas iniciativas, conectando e ajudando pessoas nas mais variadas condições, criando eventos, palestras e promovendo negócios de inúmeros empresários que ele ajudou a trazer para o país. Sua empresa de logística, a Mellohawk, criada junto com o experiente Peter Hawkins, tornou-se referência na conexão entre Brasil e Canadá; e, nos últimos anos, sua destacada atuação no Conselho Brasileiro de Cidadania de Ontário promoveu, junto com todo o grupo, um extraordinário impulso em nossa comunidade.


Ninguém que imigra tem obrigação alguma de promover sua comunidade. Já é exaustivo o bastante o processo de imigração e adaptação ao novo país; e todos os desafios que a nova cultura nos impõe dão pouco tempo para pensar num contexto social mais amplo. Já é duro demais simplesmente sobreviver. No entanto, para aqueles que escolhem se envolver, ainda é preciso aprender a navegar no ecossistema da comunidade, seus centros de poderes, suas “forças ocultas”, e também aprender a lidar com os jogos de vaidades que puxam para um lado e para o outro, sem qualquer relação com os projetos e as necessidades reais que a comunidade realmente precisa. Em meio a tudo isso, Arnon sempre foi mestre, e sem dúvida uma exceção; ele poderia ser só mais um empresário bem-sucedido apenas preocupado com sua conta no banco, mas, ao contrário, sempre doou seu tempo, conhecimento e energia para ajudar a comunidade a ser cada vez melhor. E conseguiu. Daqueles tempos de quando cheguei para hoje, a diferença é enorme, e a isso muito se deve não só às novas levas de imigrantes brasileiros que aqui chegaram nos últimos anos, com diferentes formações e objetivos, mas também aos frutos plantados em terras canadenses, por pessoas como o Arnon.


Para quem não sabe, a Ordem de Rio Branco é a maior homenagem que um cidadão brasileiro pode receber de seu país. Tal comenda oficializa o valor que Arnon Melo tem como pessoa, como empresário, como apoiador da comunidade e como cidadão brasileiro. Já não fosse extraordinário o suficiente receber uma condecoração como esta, é ainda mais incrível poder ser reconhecido num momento em que democracias se desmantelam, em um mundo que por vezes nos faz acreditar que desmandos e malfeitos são a bola da vez. Arnon mostra que vale a pena ser bom, justo e profissional em tudo o que se faz na vida. E aqui volto ao início do meu parágrafo anterior: não, nenhum imigrante tem obrigação de ajudar a sua comunidade, mas fazê-lo é um ato cívico, um ato de amor ao seu país e às pessoas que vieram dele.

Arnon ganhou a medalha, mas na verdade ganhamos todos nós que temos tido, ao longo desses anos, o privilégio de tê-lo com a gente no Canadá.


Parabéns, meu caro, mais do que merecido.


Dra. Adriana Melo, Arnon Melo e Peter Hawkins, em comemoração no palácio do Itamaraty, no último dia 8 de dezembro, em Brasília. Foto: André Oliveira. Article: https://jornaldetoronto.ca


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